Outubro 25

Na tarde deste domingo (21), a Avenida Paulista, em São Paulo, foi palco de uma das maiores manifestações recentes contra a anistia a condenados por tentativa de golpe de Estado e contra a chamada PEC da Blindagem. De acordo com levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 42,4 mil pessoas participaram do ato na capital paulista.
Além de São Paulo, protestos foram registrados em outras 32 cidades brasileiras, incluindo todas as capitais. As manifestações tiveram como alvo principal o Congresso Nacional e contaram com pedidos de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, já condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe, organização criminosa e outros crimes.
Os atos foram convocados pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas a partidos de esquerda e movimentos sociais, como o MST e o MTST, e tiveram a adesão de sindicatos, coletivos estudantis, artistas e representantes de partidos do campo progressista.
Entre os participantes, estavam pessoas que viajaram de diferentes regiões para reforçar a mobilização. O professor universitário Reginaldo Cordeiro de Santos Júnior, do curso de Serviço Social, disse ter antecipado compromissos em São Paulo para marcar presença.
“Estamos na luta pela democracia, contra a PEC da Blindagem e contra o retrocesso das conquistas de 1988. É fundamental que a juventude compreenda o que está em jogo neste momento”, afirmou.
A professora aposentada Miriam Abramo, de 75 anos, lembrou o período da ditadura militar e fez um apelo às novas gerações:
“Eu vivi uma época em que não tínhamos direitos. Votei pela primeira vez para presidente quando já tinha 40 anos. Não quero que a juventude de hoje precise esperar tanto para exercer esse direito básico”, disse.
O professor de artes marciais Renato Tambellini participou levando a filha de 12 anos, Luiza, como forma de incentivar a participação política desde cedo.
“Explico sempre que é preciso se mobilizar, reivindicar direitos. Saímos de uma tentativa de golpe e agora é o momento de fortalecer a democracia”, declarou.
Também presente, Tamikuã Txih, liderança indígena do povo Pataxó, destacou que a mobilização é de todos os povos.
“Não podemos permitir que parlamentares se tornem intocáveis. Dizer não à PEC da Blindagem é dizer não à impunidade e à vergonha que ela representa para o Brasil”, afirmou.
As manifestações reforçaram o clima de insatisfação com a proposta aprovada na Câmara dos Deputados e agora em tramitação no Senado. Para os organizadores, os atos deste domingo foram um recado claro contra privilégios e pela defesa da democracia.