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Lula participa de cerimônia em Linhares e defende soberania brasileira ao lançar auxílio do Acordo d

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Linhares (ES) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na manhã desta quinta-feira (11), de uma cerimônia histórica no município de Linhares, que marcou o início dos pagamentos dos auxílios financeiros a pescadores artesanais e agricultores familiares impactados pela tragédia do rompimento da barragem de Mariana, ocorrida em 2015.

O repasse faz parte do novo Acordo do Rio Doce, firmado no fim de 2024, que prevê R$ 3,7 bilhões em Programas de Transferência de Renda (PTR). Os recursos devem beneficiar aproximadamente 22 mil pescadores e 13,5 mil agricultores familiares nos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais.

Somente em Linhares, onde deságua o Rio Doce, 5.696 pescadores e 1.692 agricultores receberão os valores ao longo dos próximos quatro anos. Ao todo, moradores de 11 municípios capixabas estão contemplados.

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Durante o evento, Lula fez um discurso inflamado, em que celebrou o início dos pagamentos e destacou a importância do respeito à soberania nacional — aproveitando também para rebater as declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugeriu taxar o Brasil como forma de pressionar o país a “soltar” Jair Bolsonaro.

Eu ouço bater o coração das pessoas. E eu faço isso com todo mundo. Fiz com Obama, com Clinton, com Bush, com Biden, com Chirac, com Sarkozy, com a Itália, com a Inglaterra, com a Alemanha, com o Japão, com a China, com toda a América Latina. Relação de respeito. Eu respeito a soberania deles, e eles respeitam a nossa”, afirmou Lula diante de uma plateia composta por moradores, autoridades e lideranças sociais.

Em sua fala, o presidente defendeu a própria trajetória política e criticou o comportamento de seus adversários:
Se o presidente dos Estados Unidos acha que um pernambucano que escapou de morrer de fome, que perdeu três eleições e foi preso por uma mentira trocaria sua dignidade por liberdade, ele está muito mal informado. A dignidade eu recebi da minha mãe. A liberdade, eu receberia de um delegado. Eu não troco uma pela outra”, declarou.

Lula também rebateu a acusação de que os EUA teriam déficit comercial com o Brasil. Segundo ele, a realidade é oposta:
Nós temos um déficit de 410 bilhões de dólares com os Estados Unidos nos últimos 15 anos. Eu é que devia taxar eles.

O presidente ainda ironizou o comportamento de Bolsonaro e de seus apoiadores, mencionando as recentes movimentações do filho do ex-presidente:
A coisa mandou um filho que era deputado se afastar da Câmara para ir lá pedir: ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, não deixa meu pai ser preso’. Que homem é esse que não tem coragem de enfrentar de cabeça erguida o próprio processo? Quem está denunciando ele são os próprios generais, o ajudante de ordens.

Ao criticar a tentativa de Trump de pressionar o governo brasileiro, Lula reforçou o papel do Judiciário e disse que não cabe interferência política:
Se o Trump fosse brasileiro e fizesse o que fez lá, também ia ser preso aqui. Porque o Judiciário é autônomo. Vai ser julgado como todo mundo. Se for inocente, será absolvido. Se for culpado, vai pra cadeia.

No fim do discurso, Lula reafirmou o orgulho que sente pelo Brasil e sua origem miscigenada:
Essa gente não sabe o respeito que temos pelo nosso país. Não sabe que não somos um povo qualquer. Somos uma mistura de indígenas, negros e europeus. Por isso somos essa espécie bonita de gente.

Acordo histórico

O novo Acordo do Rio Doce tem o objetivo de reparar os danos sociais e ambientais causados pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), em 2015. Além das transferências de renda, estão previstas medidas estruturantes, como investimentos em infraestrutura, saneamento e recuperação ambiental.

A cerimônia desta quinta simbolizou mais do que o início dos pagamentos: representou, para muitos, o reconhecimento do Estado brasileiro diante de anos de espera por justiça. Com a presença de ministros, lideranças locais e movimentos sociais, o evento foi encerrado com aplausos e emoção do público presente.