Cultura
Leonardo Boff destaca protagonismo do papa
A TV Brasil exibe uma entrevista exclusiva do teólogo, escritor e professor Leonardo Boff para o programa Trilha de Letras em que o convidado fala sobre o Papa Francisco com a apresentadora Eliana Alves Cruz nesta quarta (30), às 23h.
Gravada na BiblioMaison em junho do ano passado, a conversa foi exibida, originalmente, em agosto na programação da emissora pública.
O conteúdo está disponível em formato podcast nas plataformas digitais. O programa também pode ser visto no app TV Brasil Play e no YouTube do canal.
"A ecoteologia da libertação ganhou sua melhor expressão na encíclica 'Laudato si', do Papa Francisco, sobre o cuidado com a casa comum. É uma encíclica extraordinária. Pedi para ele não fazer uma 'ecologia verde', mas íntegra que comportasse o ambiental, o político, o econômico, o cotidiano e também a espiritualidade", recorda o filósofo.
O documento é considerado pioneiro. "Efetivamente essa encíclica, segundo grandes nomes como Edgar Morin e Jeffrey Sachs, coloca o Papa na ponta da discussão ecológica mundial porque é um discurso holístico, engloba as várias dimensões e tem como centralidade a casa comum e como cuidar dela", explica.
Durante o papo, o experiente autor de 85 anos destaca os temas tratados no mais recente livro, o lançamento "Cuidar da casa comum" (2024) e na premiada obra "Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres" (1995).
"Esses livros inspiraram muito o Papa Francisco. Quando ele veio ao Brasil, em sua primeira viagem do Pontificado, pediu para reunir tudo sobre ecologia porque ele ia fazer um trabalho sobre o tema. Entreguei um pacote enorme, mandei muitos textos e fiz esquemas", lembra o convidado da atração literária.
"Muitos italianos quando viram a encíclica disseram que era 'puro Boff'. Eu falei que não era nada disso. É do Papa. Não tem nada a ver comigo, mas fico orgulhoso em saber que ele assumiu essa ecoteologia da libertação. Francisco é um dos grandes líderes que fala da paz, da preservação da natureza e faz um apelo importantíssimo. 'Todos estamos no mesmo barco. Ou nos salvamos todos ou ninguém se salva'", pontua Leonardo Boff.
Apesar do tempo apocalíptico em relação ao planeta, com o aquecimento global e as mudanças climáticas, o entrevistado se diz esperançoso.
"Acho que nós vamos sair dessas crises todas que estamos vivendo. É um caos destrutivo, mas é também generativo. Ele gera a partir desse princípio do esperançar. É criar as condições para que a nossa esperança seja histórica e se realize concretamente. Nós temos a chance de sobreviver. Quando é grande a ameaça, maior ainda é a chance de salvação", define.