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SAAE Ibiraçu não tem recursos para obras e inadimplência é superior a 40%

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Continua crítica a situação do abastecimento de água em Ibiraçu. A informação foi passada pelo diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto – SAAE Elias Recla, que fez um apanhado sobre a situação da autarquia na tribuna da Câmara Municipal, na noite desta segunda feira (02).

Recla começou falando sobre o serviço emergencial que o órgão realizou para fazer a captação de água Rio Piraqueaçu. Segundo ele, o serviço não ficou 100%, apesar de estar tendo papel importante nesse período em que o Rio Piabas está com pouca água.

“Com o reforço da captação do Rio Piraqueaçu, podemos suprir o consumo de 30 litros por segundo”, disse Recla, acrescentando posterior mente, à nossa reportagem, que para compensar as perdas com os encanamentos antigos, de mais de 100 anos, o Município precisaria dispor de 50 litros por segundo.

“A situação está se agravando e precisamos buscar alternativas”, continuou o diretor.

Ainda segundo Recla, o SAAE já tentou encontrar água escavando poços artesianos, mas não houve sucesso. “Estamos em uma cadeia de montanhas rochosas e não encontramos água. Onde existe água, o volume é pequeno”, disse.

Atualmente, os bairros localizados em regiões mais altas, chegam a ficar três dias sem água devido ao racionamento.

Quando conversou em primeira mão como o Site Aracruz em 5 de março, Recla havia adiantado que o serviço emergencial para a captação no Piraqueaçu não resolveria o problema. Ele disse que seria necessária a elaboração de um projeto capaz de atender à demanda, com maior prazo para realização da obra e utilização de tubos de 300 milímetros, mas que, por falta de recursos, o serviço foi feito de forma emergencial e com tubos de 150 milímetros, ou seja, com metade da capacidade do material que ele entendia ser o ideal. Para a realização do serviço, o SAAE só tinha recursos de aproximadamente R$ 150 mil.

O SAAE é uma autarquia municipal, com personalidade de direito público e deveria dispor de autonomia econômica, financeira, técnica, administrativa e patrimônio, mas na prática não é assim que funciona. Respondendo com muita elegância e serenidade às perguntas de alguns vereadores, que o pressionavam como ele fosse o responsável pela crise hídrica do Município, o diretor deixou claro que a autarquia não dispõe dos recursos necessários para sua manutenção e que depende totalmente de verbas da prefeitura a quem já encaminhou inúmeros projetos que viabilizariam o abastecimento, porém os recursos ainda são aguardados.

Um momento que mostrou que o SAAE Ibiraçu não tem dotação orçametária foi quando um vereador sugeriu ao diretor que mantivesse a população informada através de panfletos e carros de propaganda volante. O diretor, que por vontade própria muitas vezes trabalha sábados e domingos com muito boa disposição, inclusive, para tender a imprensa, respondeu que não dispõe de recursos para esse fim.

O vereador então sugeriu que Recla encaminhe uma solicitação à Câmara para ver a possibilidade de liberação específica desses recursos .

Outra cobrança feita ao diretor foi porque ele ainda não teria realizado uma audiência pública para informar a situação à população. Mai uma vez, Recla evitou a polêmica, porém, após sua apresentação, disse à nossa reportagem que já realizou cinco audiências públicas para tratar do assunto. Estranho é o desconhecimento do vereador.

Como se não bastasse a falta de recursos para a realização de obras e cobertura de pequenas despesas, o SAAE, que tem como única fonte de receita as taxas pelo consumo de água, enfrenta uma enorme inadimplência. Segundo Recla, cerca de 40 a 45% dos consumidores de Ibiraçu estão com talões atrasados. Além disso, o valor pago pela água no Município é o mais baixo da região. Para cada 1000 litros de água tratada, o consumidor paga a quantia de R$ 1,07. Em Aracruz, pelo mesmo volume do líquido, o SAAE cobra mais que o dobro, R$ 2,64 e em Fundão, onde o abastecimento é de responsabilidade da Cesan, por cada 1000 litros ou 1 metro cúbico de água eram cobrados, até o final de 2015, R$ 3,29.

Elias Recla foi convidado a dar esclarecimento na Câmara Municipal, após o funcionário do SAAE Augusto Cesar Pinto, técnico responsável pelo tratamento da água, dar fortes declarações na tribuna da Câmara. Dentre elas, que o a autarquia está sucateada, que 50% da água potável é jogada fora, que o esgoto é jogado direto na rede pluvial poluindo os rios e que ele muitas vezes não tem, se quer, os reagentes necessários para trabalhar.

Ibiraçu - Captação no Piraqueaçu não será suficiente para resolver crise hídrica