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Elucidado: Chefe do tráfico canta jovem e manda executar namorado dela

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O Município de Aracruz encerrou os cinco primeiros meses de 2015 com um total 15 crimes em que as vítimas acabaram mortas. No ano passado, foram 17 mortes entre os meses de janeiro e maio, o que mostra uma pequena redução no ano corrente. Porém o que mais chama a atenção é que das 15 mortes ocorridas, 13 já foram elucidadas pela Polícia Civil, após intensos trabalhos de investigação.

De acordo com o delegado chefe da Delegacia de Crimes Contra a Vida de Aracruz (DCCV), Leandro Barbosa Moraes, a maior parte dos crimes de homicídio ocorridos no Município têm como pano de fundo o tráfico de drogas. Outros motivos constatados foram cobrança, pistolagem, desavença e violência doméstica, além de duas mortes que foram motivadas por latrocínio (roubo seguido de morte).

O sucesso das investigações, o delegado atribui ao total empenho dos investigadores de sua equipe e também à cooperação da população, que tem denunciado os crimes através do tel 181.

Adolescente confessa crime e entrega mandante

O último crime elucidado pela Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Aracruz teve todos os fatos esclarecidos na última semana do mês de maio. O crime ocorreu no dia 24 de agosto de 2014, no Bairro Planalto, e teve como vítima o jovem José Santana de Souza, mais conhecido como Júnior, de 18 anos, morto com tiros a queima roupa. O autor do disparo, um adolescente de iniciais W. O. N. de 17 anos, foi apreendido no dia 02 de junho, quando trabalhava em uma panificadora localizada no Município de João Neiva.

Durante depoimento ao delegado Leandro Barbosa Moraes, o adolescente teria confessado o crime. Segundo o delegado, o menor disse que contou com a participação de Luciano Cardoso Peroni, de 19 anos, que o levou de moto até a Rua José Nunes Correa. Lá, após encontrar Júnior, que era seu amigo, o menor o chamou para conversar. Júnior teve uma arma apontada para sua cabeça e levou 4 tiros a queima roupa, sendo 3 na parte posterior do ouvido esquerdo e um na parte posterior da axila esquerda. A vítima foi socorrida para o Hospital São Camilo onde morreu dias depois.

Antes mesmo do depoimento do menor, Luciano já estava preso no Centro de Detenção Provisória de Aracruz, suspeito de tráfico de drogas.

Desavença por causa de namorada teria sido o real motivo

De acordo com o delegado, o menor W. O. N. afirmou que um homem, que seria o gerente do tráfico de drogas no Bairro Planalto, disse a ele que a vítima estaria envolvida no desaparecimento de 7 ou 8 cargas de maconha que estavam escondidas em um terreno próximo à residência de Júnior. Cada carga possuía 15 buchas da droga. Como trabalhava para o gerente, o adolescente cumpriu a ordem e executou Júnior. Dias antes do crime Júnior havia tirado satisfação com o suposto mandante de sua morte que teria cantado a namorada da vítima. Ainda durante o depoimento, o autor dos disparos disse ao delegado que entre traficantes, o chamado cavanhaque (aquele que meche com mulher alheia) não é bem aceito. Por isso, o gerente teria inventado outro motivo para mandar executar a vítima.

Foi somente após o crime que o executor descobriu que o gerente realmente havia cantado a namorada da vítima e que esse teria sido o verdadeiro motivo do crime. A verdade veio à tona porque o menor executor deixou a namorada dele na casa do chefe enquanto foi cometer o crime. Mais tarde, quando seguia para casa, a namorada contou que o gerente do tráfico havia passado a mão em suas partes íntimas.

Para explicar ao delegado que agiu a mando do gerente, o menor teria dito ao delegado que “no submundo das drogas, um membro de um grupo só pode executar alguém com o consentimento de quem lidera.”

O suposto mandante do crime não terá seu nome divulgado para não atrapalhar o trabalho da polícia. Ele está foragido. Qualquer informação que possa ajudar em sua prisão pode ser passada á polícia através do telefone 181. Não é preciso se identificar.